sexta-feira, 9 de julho de 2010

livro: Afinal, por que as pessoas traem?

Publicado no site Mais de 50


por Glória Melgarejo

A traição não é uma atitude que se possa chamar de moderna.
Sempre existiu. Homens e mulheres, de uma forma ou de outra,
nunca estiveram livres do "pecado" do
adultério. É fato que, em nossa sociedade, a tolerância com a
infidelidade masculina sempre foi maior
do que com a das mulheres.
Com a revolução feminista, no entanto,
o sexo dito "frágil" passou
a se preocupar menos com a
dissimulação de seus atos, e,
mais abertamente,
a assumir que também está sujeita
a dar as suas "puladinhas de cerca".
Mas, afinal, por que as pessoas traem?
Segundo a psicoterapeuta
Olga Inês Tessari, são vários
os fatores que levam à traição:
questões culturais, carências,
insatisfação em relação a desejos e
expectativas com o (a) parceiro
(a), vingança, a busca
pelo novo, o estímulo provocado
pela sensação de perigo, ou mesmo
de poder. "A idéia de posse
existe em quase todas as
relações estáveis e as cobranças
de fidelidade são normais e aceitas
pela sociedade."
A falta de diálogo entre o casal
é outro motivo relevante.
"Essa comunicação
é transferida para outra pessoa.
Opta-se, neste caso, por uma saída aparentemente mais fácil.
Por vários motivos, é excluída
a possibilidade de aceitar o outro
como ele é. Ao invés de tentar
crescer com seu parceiro, algumas
pessoas passam a acreditar
que só terão
alegrias, emoções e crescimento fora do casamento", declara Olga.
Relações monótonas, que caem na rotina, também são convites ao adultério.
"Qual ser humano consegue viver sem emoção?", pergunta a
especialista em dificuldades nos relacionamentos. Em situações como essa, as pessoas
costumam se acomodar. Esse conformismo, segundo Olga,

"gera pessoas insatisfeitas, ressentidas, e
arrependidas do que nunca fizeram..."

Está aí aberta uma
porta para a traição.
"Mais dia menos dia,
elas podem ser levadas a buscar,
em outra pessoa, aquilo que
ficou reprimido, por muito tempo, no relacionamento que está vivendo."
O terapeuta sexual Oswaldo
Rodrigues Jr., acredita que,
em muitos casos, a infidelidade
pode causar sofrimento.
Além das pessoas que traem
"porque desejam,
racional e voluntariamente, ter
relacionamentos sexuais e
afetivos variados"

existem aquelas
que são infiéis "porque repetem, involuntariamente, padrões culturais e socialmente impostos,
de que as pessoas têm que ter

relacionamentos múltiplos", esclarece. Segundo o terapeuta sexual, há ainda as que "mentem e sabem que não estão seguindo os compromissos de modo sincero, mas o fazem para burlar regras e brigar com o que aprendeu".
Existe uma crença de que os homens traem mais do que as mulheres. Será?
Oswaldo Rodrigues acredita que, embora isso seja uma tendência
(os homens aprendem, desde pequenos, que podem ter mais de
um relacionamento, e sentem-se, por isso, apoiados na verdade)

não existem pesquisas confiáveis
sobre números de traições.
"O discurso social é exagerado", afirma
o terapeuta. Por quê? Os homens, geralmente, falam demais, no intuito de "validar sua masculinidade". Segundo Oswaldo, a porcentagem de infiéis deve girar
"em torno de 25% dos homens".
Para Olga Inês, a idealização da "mulher perfeita", pelos homens, e do "homem que as apoie e as ajude", pelas mulheres (que costumam confundir "casamento com felicidade"), faz com que as pessoas reivindiquem muito umas das outras, "o que gera muitas frustrações, abrindo caminho para a infidelidade".
A psicoterapeuta
As diversas reações e como fica o amorlembra, contudo, que nossa sociedade é patriarcal e machista. "Os homens são educados para não desperdiçarem nenhuma oportunidade de demonstrar sua masculinidade e sexualidade, e a traição masculina é melhor aceita do que a feminina."
As reações ao adultério são as mais diversas. Oswaldo diz que tudo "depende do contexto no qual a traição aconteça". Quando se toma conhecimento do fato através de uma confidência, mantendo-se a privacidade, a tendência é a de se desculpar o traidor. No entanto, quando a traição torna-se pública, o problema aumenta, porque as pessoas envolvidas sentem a necessidade de uma resposta pública. Precisam agir. "A ação vai desde um abandono do relacionamento à destruição da outra pessoa, com um homicídio", explica Oswaldo. "Socialmente, isso era até aceito no Brasil há cerca de 30 anos, quando a traidora era a mulher e o homem tinha o direito de lavar a honra com sangue..."
Olga lembra que, por questões de dependência econômica, as mulheres, geralmente, aceitam melhor a traição, "acomodando-se e omitindo-se por temer pela família e por elas mesmas. Quando descobrem a traição, elas adotam a postura de mãe compreensiva".
Já os homens traídos fazem de tudo para fingir que não sabem. Se assumirem que têm conhecimento da infidelidade, "terão que tomar uma atitude perante a sociedade (que aceita muito melhor a traição masculina do que a feminina).
No geral, a psicoterapeuta, acha que, "a menos que a relação seja totalmente destituída de sentimentos, é muito difícil suportar a infidelidade", mas, para a maioria das pessoas, ela ainda "é um acontecimento muito mais suportável do que a separação".
Traição significa ausência de amor?
Oswaldo acredita que "não necessariamente. Tudo depende de como o relacionamento se estabeleceu, desde o início".
O terapeuta faz distinção entre "amor" e "casal socialmente formado". "Uma pessoa pode amar outra, mas isso não significa que esteja disposta a se comprometer a ações e comportamentos socialmente determinados ou permitidos. As formas de pensar e a moral de cada pessoa não estão necessariamente associadas ao amor que sente."
Olga lembra que, "teoricamente, quem ama respeita e quem respeita não trai". No entanto, há casos em que as traições "são experiências fortuitas e ocasionais". O pior é quando "a infidelidade torna-se uma constante e serve como uma muleta para a manutenção de um relacionamento, buscando-se, lá fora, a complementação do que não se tem dentro de casa". Quando isso acontece, "é hora de se parar e refletir seriamente sobre seus ideais de vida e de relacionamento", alerta a psicoterapeuta.

Visite o site da Dra Olga Inês Tessari

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